Rua onde o casal teria abusado da criança
Familiares e vizinhos dizem não saber de nada
Para uma vizinha do casal, o fato da criança chorar todas as noites nunca chamou a atenção dela para algo de pior.
"Falo isso porque ele tinha um carinho enorme com a filha. Por isso, nunca desconfiei de nada, mesmo com os choros noturnos da menina. Soube da prisão dele hoje pela manhã, com a chegada da polícia aqui para buscá-lo", explicou.
Um casal foi preso na madrugada de deste sábado (25) em Vitória, acusado de abusar sexualmente da própria filha, de apenas dois anos. Uma recepcionista, de 23 anos, e um cobrador de ônibus, de 35, foram detidos por uma equipe de investigação do Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) da Capital, a partir de uma denúncia feita pelo Conselho Tutelar, que está com a menina.
A violência sexual foi descoberta por um médico que atendeu a criança na Unidade de Saúde do Bairro República, em Vitória, na última sexta-feira (24).
Segundo a polícia, desde novembro do ano passado essa família é monitorada pelo Conselho, que já havia orientado a mãe da criança a participar dos programas de atenção à saúde oferecidos pelo município e a denunciar o fato à polícia, o que não foi atendido pela acusada.
"Na sexta-feira, acionados pela unidade de saúde, conselheiros estiveram com essa mãe, que comentou sobre uma viagem que faria para a Bahia. Com medo de que ela fugisse, eles acharam por bem trazê-la para o DPJ", explicou o delegado Márcio Lucas Malheiros de Oliveira que comandou a investigação.
A frieza da mãe da criança ao se explicar à polícia que não tinha feito nada com a filha chamou a atenção do delegado. "Ela não queria falar da violência pela qual tinha passado a criança. Essa mulher estava preocupada em apontar culpados, em apresentar histórias desencontradas. O casal ficou mais nervoso ao saber da prisão, do que da violência sofrida pela criança", lembrou o delegado, que pediu para buscar o pai da vítima em casa, para prestar esclarecimentos.
O casal nega o crime, mas não resistiu à prisão. Para o delegado, não restam dúvidas com relação à participação dos pais na violência contra a filha. "Os dois cometeram o crime. Um deles é o autor e o outro conivente, ou os dois atuaram, ainda não sabemos", garantiu Márcio Lucas, que autuou a recepcionista e o cobrador por estupro e atentado violento ao pudor.
Surpresa
Surpresos com a notícia da prisão do casal, parentes e vizinhos dos acusados diziam não acreditar nas acusações. O pai do cobrador, um senhor de 77 anos, não sabia do crime, até a chegada das equipes de reportagens na casa onde mora.
Nervoso, chorando e as mãos trêmulas, o avô disse que nunca tinha percebido nada. Pelo contrário, para ele, o cobrador era atencioso com a filha e estavam sempre juntos, já que era ele quem cuidava da criança para a mulher trabalhar. O acusado estava de licença médica, por isso, ficava em casa.
"Estou surpreso. Mas se ele fez, tem que pagar por isso. Quase não fico em casa, trabalho o dia todo, por isso, quase não os vejo. Estou chocado com a notícia. Meu filho tem mais três filhas, que já são moças, e elas nunca tiveram nada", contou o pai do acusado.
Com relação à descoberta da agressão sexual, feita pelo médico da Unidade de Saúde do Bairro República, a assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde de Vitória disse que não poderia dar detalhes sobre o caso, já que se trata de sigilo profissional.
Entre as versões apresentadas pelo pai da menina à polícia, até uma micose de cachorro foi utilizada pelo acusado para tentar escapar das acusações.
A criança foi encaminhada ao Departamento Médico Legal (DML) onde foi submetida a exames de conjunção carnal e coito anal. Segundo o médico, a criança estava com o hímen rompido e, segundo ele, há muito tempo.