Treinamento
Segundo as empresas de transporte de valores, 24 mil vigilantes trabalham em carros blindados por todo o Brasil. O treinamento é rigoroso. Em um centro de formação, em São Paulo, são 210 horas de aula, das quais 50 são voltadas exclusivamente para o trabalho em carro-forte. "O momento mais tenso no transporte de valores é o embarque e desembarque, porque eles ficam vulneráveis fora do carro", explica o coordenador do curso, Fernando Silva de Souza. No momento de desembarque, dois vigilantes descem primeiro. Depois que os seguranças dão uma olhada do lado de fora e aparentemente não há nenhum problema, o malote é liberado. O cofre fica atrás. Um vigilante digita a senha e, em seguida, o malote sai. Por rádio, os vigilantes conversam o tempo todo. A entrega é concluída. "É adrenalina total, porque você não sabe o que vai encontrar lá. Por mais que procuremos visualizar, não sabemos", diz uma vigilante. Dados das secretarias estaduais de Segurança revelam que, neste ano, aconteceram pelo menos 35 ataques a carros-fortes no Brasil. "O que mais nos preocupa é o armamento utilizado, que atravessa o carro-forte como se fosse papel", diz o delegado Juliano Ferreira. Para saber como é construído um carro-forte, o Fantástico visitou uma fábrica em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, onde são produzidos 140 veículos por ano. O dono, Gelson Luiz Amalcaburio, explica que qualquer parte pode ser blindada, com chapas de aço e materiais especiais. "Há opções como blindagem do motor e dos pneus", diz. Mesmo que os assaltantes tenham acesso à parte traseira do carro-forte, eles precisam ainda da senha para abrir o cofre. E, dentro do cofre, existe mais um sistema de segurança bem reforçado. Só assim é possível ter acesso aos malotes. O Exército determina que os carros-fortes tenham, no máximo, o chamado nível três de blindagem – o suficiente para resistir à maioria das armas usadas pelos bandidos, mas não todas.Ataques
Dois vigilantes estavam em um carro-forte atacado no começo do mês em Araras, São Paulo. "Foi planejado, já sabiam de tudo, até a nossa ficha", conta um deles. Era fim de tarde. Um carro levava quase R$ 7 milhões e outro fazia a escolta. Segundo os vigilantes, uma caminhonete cercou o veículo que transportava o dinheiro e um bandido atirou com uma metralhadora. As balas perfuraram facilmente a blindagem. O armamento, de uso restrito das Forças Armadas, mede quase 1,5 metro e derruba até helicóptero. "O tiro acertou no motor. Se não abríssemos a porta, o carro-forte podia explodir com a gente dentro", conta o vigilante que estava no carro. A escolta também foi metralhada e bateu em uma carreta. Os vigilantes contam que os bandidos estavam encapuzados, com coletes à prova de balas e atiravam pra todo lado. "O armamento deles era só de fuzil e metralhadora .50. Não havia nenhuma outra arma menor", diz o vigilante. "Deram tiros nos pneus na carreta que estava do nosso lado, para não sair", conta. Os assaltantes faziam uma contagem regressiva do crime. "Eles não conversavam, só mandavam agilizar: Diziam que tinham 20 minutos", lembra ele. A quadrilha ainda bloqueou a estrada com um ônibus e usou explosivos para arrombar o cofre. "Deu para ver que o que estava com a .50 na mão era o chefe. Ele falou que poderia vir quem fosse que eles iam cortar no meio e derrubar", conta o vigilante. Depois que os bandidos fugiram com o dinheiro, uma descoberta trágica: um tiro, provavelmente da metralhadora .50, matou o empresário Ivo Zanatto, de 59 anos, que passava de carro por ali. "Essa arma teve que sair ilegalmente de um país e entrar ilegalmente no Brasil. Com certeza, isso causa indignação", diz o filho do empresário, Omar Ajame. O coronel do Exército César Augusto Moura, subchefe do Comando Militar do Leste, compara a munição da .50 com a de um fuzil. "Não tem nenhum meio de transporte – terrestre ou aéreo – que não seja parado por ela se não tiver uma blindagem especial", diz Moura. Segundo o consultor em segurança Haroldo Abussafi Figueiró, é preciso combater a entrada desse tipo de arma no país, investir na qualificação dos vigilantes e ter um bom planejamento no transporte do dinheiro. "As empresas têm que se precaver, não devem ter a mesma rota todos dos dias e ter o máximo de sigilo possível na operação", afirma. A preocupação agora dos vigilantes é com o pagamento do 13º salário e as festas de fim de ano. Com mais dinheiro em circulação, há o temor de novos ataques. "A gente espera que a polícia prenda esses bandidos e que as autoridades tomem medidas para evitar crimes desse tipo", diz o filho do empresário morto por um tiro de metralhadora.
2 replies to "Em 40 dias, pelo menos nove ataques a carros-fortes foram registrados"
Infelizmente esse tipo de armamento entra com facilidade em nosso país,os vigilantes são bem treinados mas não por isso vai botar o peito em cima de .30 ou .50, ninguém é doido nem a propria policia colocaria,o que temos que fazer pra evitar esses ataques é as empresas colocarem escolta armada atrás dos caminhões temos que dificultar a ação criminosa apesar que a informação está partido de dentro pra fora.
abraços aos meus colegas de profissão e boa sorte.
do meu ponto de vista, a seg.privada deve ter sua propria independencia no campo investigativo, preparando vigilates ja definido em nossa area e permitir atuçao entre seg,publica e privada ou seja, com poder de policia voltado para o setor privado tendo em vista que,estamos mais presente do que nunca na sociedade. o que e complicado seria quebrar a arrogancia das entidades publica em reconhecer nossa capacidade profissional, mas principalmente o estado de sao paulo que e bastante ignorante e faz uso de poderes oculto para reprimir a necessidade dos avansos e melhorias tanto para os profissionais e sociedade em geral.